sábado, 27 de maio de 2017

Reflorestamento Social: novos laços na velhice

Observo que, no Brasil, parte das pessoas no final da fase adulta e início da velhice tem dificuldade de estabelecer novas relações sociais, gerando enxugamento no círculo de apoio.

Pensando nisso, comecei a analisar o contexto social do idoso à semelhança de florestas: está arborizado ou desmatado? Se for o segundo caso, quais ações podem acontecer para que haja o reflorestamento social, na medida do desejo de cada um?

desmatamento social pode acontecer durante todo curso de vida. Em alguns momentos, paramos de nos relacionar com algumas pessoas próximas. Também diminuímos muito o contato com elas devido mudanças de escola, faculdade, residência e cidade, estado ou país… Mudanças de emprego ou projeto, desemprego, separação ou divórcio, doenças incapacitantes e mortes, entre outros. Tais acontecimentos podem abrir espaço para o processo de reflorestamento social. 
E o que venha ser isso? Quando criamos novos laços relacionais nos ambientes que começamos a frequentar como escola, vizinhança, cidade, emprego, instituições de recolocação profissional, cursos, etc.
Desmatamento e reflorestamento social são processos bastante individuais, têm contornos culturais diferenciados e variam em relação ao momento histórico em que se vive.
A questão não é o desmatamento social, pois perdas (em maior ou menor grau) acontecem a vida toda, com todo mundo. O desafio aparece quando o reflorestamento não ocorre devido a crenças pessoais e sociais limitantes.
A primeira, individual, é a crença de morte próxima. É comum pessoas saudáveis entre 60 e 90 anos dizerem que:”não vale a pena o esforço de estabelecer novas relações, desenvolver habilidades ou adquirir conhecimentos por que logo morrerão.
Respondo que pessoas longevas chegaram até os 120 anos, ou seja, é possível que vivam mais 60, 50, 40, 30 anos. Essa informação normalmente é recebida com espanto pelos meus interlocutores e percebo que não se prepararam para viver tanto.
No imaginário social, a velhice está associada à improdutividade, inatividade, fragilidade e doença. Dessa forma, é frequente observarmos discursos e ações limitantes em relação às pessoas com 60 anos ou mais.
Exemplo claro é a dificuldade de encontrar postos no mercado de trabalho. Também acompanho filhos e netos que acreditam ser tarde demais para seus pais e avós frequentarem escolas ou universidades. Ou sugerem que não saiam de casa porque sofreram quedas e podem cair novamente. Ou acham que devem manter seus casamentos infelizes porque estão muito velhos para buscar a felicidade em outras relações.
Essas crenças limitantes impedem ou dificultam que o reflorestamento social aconteça.
Só que não precisa ser assim.
É importante que a velhice seja entendida como momento de potência, realizações e conexões. Qualquer momento é bom para iniciar o reflorestamento social, caso o idoso queira isso. Como?
Retomando ou dando início a novos projetos (de lazer ou de trabalho), fazendo cursos, lendo livros atuais e se comunicando com seus autores (dica:basta mandar email).
Você também pode entrar em contato e participando de grupos de idosos e redes que discutem envelhecimento ativo (no Brasil, temos o Lab60+ (www.lab60mais.com) e o Movimento  Ativo e Saudável (www.ativoesaudavel.com.br), entre muitas outras ações possíveis.
O processo de reflorestamento social pode contribuir para o idoso manter relações positivas com terceiros, sentir-se valorizado e, sobretudo, feliz.

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