quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Pesquisadores descobrem que regulador de humor está ligado ao Alzheimer



Pesquisadores italianos descobriram que a morte de neurônios da região vinculada às mudanças de humor está ligada ao surgimento do Mal de Alzheimer.

Coordenado pelo professor associado de Fisiologia Humana e Neurofisiologia da Universidade Campus Bio-Médico de Roma, Marcello D'Amelio, o estudo que pode trazer uma nova maneira de detectar a doença antes de ela ter seus primeiros efeitos de perda de memória, foi publicado na revista científica Nature Communications.

Até agora, o Alzheimer era considerado uma doença que surgia devido à degeneração das células do hipocampo, área cerebral da qual dependem os mecanismos da memória. A nova pesquisa, conduzida em colaboração com a Fundação IRCCS Santa Lucia e do CNR de Roma, no entanto, aponta que a doença também pode ter em sua origem na área tegmental ventral, onde é produzida a dopamina, neurotransmissor vinculado às mudanças de humor.

Segundo os pesquisadores, como um efeito dominó, a morte dos neurônios responsáveis pela produção de dopamina desacelera a chegada desta substância ao hipocampo, causando assim uma falha que gera a perda das lembranças, principal sintoma da doença.

A hipótese foi confirmada em laboratório, onde várias terapias destinadas a restaurar os níveis de dopamina foram administradas em animais. Nos testes, foi observado que tanto as memórias quanto a motivação de viver, cuja falta causa depressão, foram recuperadas.

"A área tegmental ventral relança a dopamina também na área que controla a gratificação. Na qual, com a degeneração dos neurônios dopaminérgicos, também aumenta o risco de perda de iniciativa", explicou D'Amelio.

Os estudiosos ressaltam que as mudanças de humor associadas ao Alzheimer não são uma consequência do surgimento da doença, mas sim um "alarme" sobre o início da patologia. "Perda de memória e depressão são duas faces da mesma moeda", concluiu o italiano.


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domingo, 27 de agosto de 2017

Onze coisas que gostaria de ter sabido aos 20 anos


Se dividirem minha idade – 82 anos – por 11, eu aprendi alguma coisa séria a cada 7,45 anos.

Quando se publica um livro chamado Yo de mayor quiero ser joven (Eu, quando crescer, quero ser jovem), sempre corremos o perigo de que alguém pergunte: “Quando você era jovem, o que você queria ser quando crescesse?”

Muitos anos se passaram e, realmente, não me lembro o que queria ser quando crescesse. Acho que, como sempre aconteceu comigo, pensei algo como “vou deixar a coisa andar e vamos ver o que vai dar”.

Nunca pensei que o resultado seria esse turbilhão de livros, TVs, rádios, conferências. Nunca.

Agora paro. Custa um pouco parar, mas eu paro. Olho para trás, 62 anos e meio atrás, e penso o que gostaria de saber quando tinha 20 anos. Gosto de responder: “e eu sei lá!” E problema resolvido. Mas quero escrever um artigo e com essa exclamação, não sai nenhum artigo ou outra coisa. Coloco a exclamação e tudo está acabado.

Parto da base de que aos 20 anos teria sido bom saber algumas coisas. Penso e escrevo, como as coisas saem e não em ordem de importância. Claro que esqueço algumas coisas.

Aí vão.

Eu teria gostado de:

1. Conhecer o que prefiro chamar de “o mundo do show business”. Coisa que, naquele tempo, era difícil, porque embora vocês não acreditem, praticamente não existia. Há 62 anos e meio atrás, não havia televisão. Havia rádio.

Havia radialistas e jornalistas. E eu achava que todas aquelas pessoas eram “de segunda categoria”, pessoas que escreviam ou falavam pelo rádio porque tinham que fazer algo para viver.

2. Saber ler os jornais. Por sua vez, isso precisa ser dividido em duas partes: a) escolher os jornais – poucos – que se quer ler, e b) saber como se deve ler.

Conheço muitos – digo muitos mesmo – jovens que não leem nem um único jornal. Com a desculpa – disse desculpa – dos jornais digitais, não leem porque não têm tempo – nem vontade – de ler e desprezam os de papel porque sujam as mãos.

Isso faz com que pensem que a União Europeia foi criada junto com a criação do mundo, e que aqueles que sabem quem foi o primeiro embaixador da Espanha na então “Comunidade Europeia” somos uns dinossauros ilustrados (há alguma verdade nisso de “dinossauros”).

3. Sempre soube que era preciso ser otimista. Mas soube com a antiga definição de otimismo: “propensão a ver e julgar as coisas em seu aspecto mais favorável”. E como ainda não tinha inventado a nova definição (“lutar com unhas e dentes para avançar em uma situação concreta”), às vezes a velha falhava. Demoram muitos anos para que eu aprendesse a lidar com a nova.

4. Também sempre soube que devia ser decente. Mas, outra vez, atualizei uma definição: a de decência.

Ouço falar da globalização da indecência. Quando tinha 20 anos existiam indecentes, claro que sim. O que acontece é que agora a revolução nas comunicações nos pegou desprevenidos. As redes sociais nos envolveram e, além disso, sem remédio. E o que é um formidável instrumento de comunicação entre pessoas e de transmissão de notícias, de conhecimento e de coisas boas, também pode ser usado para o mal.

5. Isto implica que o anormal pode ser considerado como “normal” porque é feito muitas vezes e me preocupa porque estou convencido de que o anormal, quando é feito muitas vezes, não se transforma em algo normal. Torna-se algo anormal frequente, o que é muito diferente. Eu não sabia e não teria sido ruim saber.

6. Aos 20 anos não sabia que devemos perdoar as desfeitas – grandes ou pequenas –que alguém fizer para você. Eu não sabia, porque nessa idade você foi vítima de poucas desfeitas – a suspensão de um professor porque não gostava de você ou o cara do seu grupo que foi a uma festa com a menina que você gostava na época. Não é necessário perdoar pequenas desfeitas, porque no minuto seguinte você já esqueceu. Você passou (colando) em outra matéria e foi a uma festa com uma garota muito mais bonita que a anterior.

7. Isso eu aprendi depois, quando as desfeitas foram muito piores, e quando vi pessoas que decidiram não perdoar nunca e, pior ainda, fazer campanha e estabelecer organizações dedicadas a manter o ódio em uma nação, custe o que custar (que geralmente termina sendo muito).

8. Gostaria, aos 20 anos, de ter critério na política. Naquela época, não tive – agora, pelo menos, tento ter – porque meu pai me deu alguns conselhos que publiquei em algum livro: “Filho, nunca se meta na política”.

E como sempre obedeci meu pai e isso sempre funcionou, aqui também obedeci. Isso trouxe como consequência que, ao ler o jornal, eu pulava a seção de “Política” e ia diretamente para a de “Esportes”. Então, hoje eu me lembro que Inchausti, Uriarte, Deva, eram o goleiro e os defensores do Zaragoza quando tinha 20 anos, e não me lembro quem eram os ministros do governo da Espanha.

9. Aos 20 anos já sabia que era preciso trabalhar duro. Meus pais nunca me disseram que o trabalho era um castigo, porque não é, e me disseram que o castigo era o cansaço. Mas, como aos 20 anos eu não me cansava, trabalhava e me divertia. Então vieram os 30, 40, 50, 60, 70 e 80 anos, que, escritos assim, parecem uma barbaridade, e continuei trabalhando e me divertindo, ficando cada dia mais cansado. Por isso, quando ficamos mais velhos, temos que compensar o maior cansaço com mais diversão no trabalho, o que, cá entre nós, não é nada fácil.

10. Aos 20 anos, não sabia a importância da família em nossa vida. Era filho único, e tenho que agradecer aos meus pais que, aos 17 anos, me mandaram a Barcelona para estudar, o que foi algo excelente, mas eu era bem menos mimado que em casa.

Então, quando me casei e vieram os filhos, e vieram e vieram, até chegar a 12, eu percebi, mais uma vez, que não há lugar como sua casa.

11. Em teoria, também sabia aos 20 anos que os amigos eram muito importantes. Agora eu sei melhor porque, graças a Deus, tenho mais. Contar com a família e, quando saímos nas ruas, com os amigos, dá uma sensação de grande segurança.

E quando, como é o meu caso, você marcou com dois amigos de toda a vida para se reunir pela primeira vez em muitos, mas muitos anos mesmo, sendo que um deles viaja 300 quilômetros para que vocês almocem juntos, você acha que valeu a pena esperar tanto tempo. E sabe que, no momento em que se sentar na mesa do restaurante, um – ou os três – começará – começaremos – a falar e, algumas horas mais tarde, o que vem de longe terá que correr para não perder o trem.

Releio o artigo. Esperava mais de mim. Acreditava que, ao longo da vida, teria aprendido muitas coisas muito importantes e só consegui aprender 11, importantes, sim, mas que já sabia. Ou intuía. Ou sabia e agora completei.

Como disse ao princípio, é muito possível que tenha esquecido alguma. Mas acho que se não lembro uma coisa é porque ela não é essencial.

Aqui deixo essas 11. Se você dividir 82 por 11, mostra que a cada 7,45 anos eu aprendi uma coisa séria. Não é muito. Mas “é tudo que há”.




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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Três gerações de gays contam suas experiências

“Minha mãe foi me denunciar à polícia porque havia fugido de casa e porque era veado”.

Uns destroçaram o armário a machadadas. Outros negaram a si mesmos sua própria condição sexual, se casaram e durante muitos anos não se atreveram a dizer o que sentiam. Os mais jovens já encontraram as portas abertas. Reunimos três homens gays de gerações diferentes. Tiveram vivências diferentes. Mas pedem a mesma coisa: o orgulho da diferença.

“Minha mãe foi me denunciar à polícia porque havia fugido de casa e porque era veado”. O ano era 1977, Federico Armenteros tinha 17 anos e seria enquadrado na lei de desocupados e meliantes. Quatro décadas depois, se dedica a ajudar os mais velhos. Repudiados por suas famílias, muitos idosos se veem obrigados a esconder sua homossexualidade se querem entrar em um asilo. Outros chegaram à velhice sem confessá-lo. Armenteros sabe bem porque ele mesmo passou anos em silêncio. Tentou ser padre. Pendurou a batina. Casou. Teve uma filha. Fez terapia. Um dia sua filha lhe perguntou se ele era gay. E Federico queimou o armário. “O que essa lei conseguiu foi fazer com que você não precisasse de nenhum policial ao seu lado porque você já havia incorporado. E você mesmo se reprimia”.
Ao seu lado, Paco Tomás concorda. Nasceu oito anos depois e já não sentiu a pressão das leis, mas sentiu como a sociedade as havia internalizado. “O discurso negativo é muito difícil de desmontar, porque é um discurso de séculos. Essa tese de cuidado, são sexualmente muito perversos e podem te levar ao mau caminho. Isso foi entrando nas cabeças. E não tinha nada a ver com ideologias”.
Paco Tomás destruiu o armário a machadadas. Como Jack Nicholson, brinca. Apesar de saber que do lado de fora muitos golpes lhe esperavam. Escritor e roteirista, hoje é diretor do Wisteria Lane, o único programa LGBT da rádio pública na Espanha. Pelo microfone luta pelo que tanto lhe faltou em sua juventude: referências. “Se eu não estivesse em minha casa e visse Pedro Zerolo, se não tivesse ido um dia ao cinema e visto A Lei do Desejo de Almodóvar, se não tivesse lido livros de Mendicutti, não teria conseguido”.
Os jovens já cresceram com outra imagem da homossexualidade distante da paródia e do estereótipo. É o caso de Javier Calvo. Nascido em 1991, seu papel na série Física e Química mudou sua vida. A dele e a de muitos que se identificaram. “Todo dia recebo mensagens de pessoas que me dizem que graças ao meu personagem, que graças a mim, se atreveram a sair do armário, a dizer às suas famílias, a se expressar”.
“Não é que não existiam referências em nossa época”, lembra Federico, “é que eram referências para nos odiar... Nos filmes éramos sempre umas loucas”. “Miguel de Molina precisou ir embora”, lhe interrompe Paco. “Claro, como Miguel de Molina. Por isso muitas vezes reivindico mais a palavra veado do que gay. Porque nunca me chamaram de gay. Fui chamado de veado. Era isso que precisava ser superado para se empoderar”.
Federico é assistente social e sua meta agora é criar uma residência para idosos LGBT. “Ainda existem idosos que estão no armário e não podem sair porque não têm autoestima. Acreditam que não têm direitos”. Por isso Paco Tomás insiste que é preciso agradecer aos mais velhos “porque eles puderam fazer pouco, o que iriam fazer se eram presos? Mas precisamos agradecê-los por tudo o que viveram, pelo testemunho que nos deixam. Precisamos escutá-los”.
“Têm razão”, diz Javier Calvo. “A verdade é que eu deveria ligar mais para meu avô e deveríamos prestar mais atenção aos mais velhos”. Federico Armenteros explica que se sentem esquecidos. “Nunca lhes pediram nada, nem fizeram com que participassem de nada. O bairro em que os LGBT iam morar não era Chueca, era Chamberí. É lá que hoje em dia todos os idosos estão. Mas já não há lugar para eles. Não gostam do Orgulho Gay, porque estão muito ressentidos e porque Chueca nasce e varre de um golpe toda a história. O bairro de Chueca só admite pessoas jovens e bonitas”.
“É uma injustiça social tão grande”, se queixa Paco Tomás, “e eu entendo esse ressentimento. Quando você tinha juventude e beleza, tudo estava contra você. E não pôde aproveitar. Agora pensam que foram roubados”.
Federico e Paco são críticos sobre como se esfumou a diversidade na comemoração do Orgulho Gay. Paco Tomás pede para que não sejam silenciados os que saem do padrão da juventude e da beleza. “Dentro de um coletivo que luta pela diversidade esse mesmo coletivo não pode discriminar quem não tem músculos, quem é idoso, a lésbica”.
Os dois pedem que todo mundo tenha seu espaço. E que a festa não eclipse a reivindicação. Federico gostaria que o mercado não ocupasse tudo. “É preciso existir mercado, mas também outros espaços para transmitir valores humanos, sociais. Mas as organizações que surgem agora têm objetivos concretos, não um desejo de unidade”.
Paco dá razão a Federico. “Sempre, sempre serei a favor do orgulho, mas não pode ser só um negócio. Mas precisamos de pedagogia e um discurso porque sem isso o orgulho se transforma em um parque temático. Não vamos nos esquecer que tem uma base teórica e de luta e que se sustenta em bases que falam de sofrimento”. “Essa dor, essa dor”, repete Federico que por um instante perdeu o sorriso.
Dor. E outras três palavras que repetem durante a conversa. Medo. Visibilidade. Diferença. A diferença como bandeira. “É algo que une todas as gerações. Não importa se você tem vinte, cinquenta ou setenta. Quando você se dá conta de que é diferente. Então me deixe ser diferente”, pede Paco Tomás. “E vamos conviver”.

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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Sim, sua avó tem de adotar um cachorro

Estudo revela como idosos que vivem com um cão fazem mais exercício nos piores dias do ano do que aqueles que não tem.

Minha mãe, embora adore Matilda, se recusa sair com ela sozinha. Acho que ela teme que a cadela se solte da coleira e escape com vento fresco. E isso que não teria problema para alcançá-la. Mesmo em idade avançada, cansa todos nós com caminhadas quilométricas, mesmo que chova canivetes... Bem, talvez eu esteja exagerando um pouco ao exaltar suas capacidades de andarilha. A chuva é a única coisa que a detém. Mas estou convencida de que se ela fosse a única responsável pelo bem-estar da minha cadela, nem o granizo a deixaria em casa. Por isso, estou pensando em dar a ela uma cópia de Matilda.

Minha mãe, embora adore Matilda, se recusa sair com ela sozinha. Acho que ela teme que a cadela se solte da coleira e escape com vento fresco. E isso que não teria problema para alcançá-la. Mesmo em idade avançada, cansa todos nós com caminhadas quilométricas, mesmo que chova canivetes... Bem, talvez eu esteja exagerando um pouco ao exaltar suas capacidades de andarilha. A chuva é a única coisa que a detém. Mas estou convencida de que se ela fosse a única responsável pelo bem-estar da minha cadela, nem o granizo a deixaria em casa. Por isso, estou pensando em dar a ela uma cópia de Matilda.

O artigo relata que participaram 3.123 pessoas, quase todas rondando os 70 anos (embora as idades oscilassem entre os 49 anos do mais jovem e os 91 do mais idoso) e aqueles que tinham cachorro (18%) faziam mais exercício nos piores dias do ano do que aqueles que viviam sem um cão durante o verão, com temperaturas amenas (pensemos no Reino Unido). Seus movimentos foram gravados por um acelerômetro.
Jones, do Departamento de Saúde da População e Cuidados Básicos da Faculdade de Medicina de Norwich, pertencente à Universidade de East Anglia (Reino Unido), diz: “Aqueles que caminhavam com seu cão eram muito mais ativos e passavam menos tempo sentados em relação àqueles que não tinham cachorro. Esperávamos isso, mas quando observamos a quantidade de atividade que os participantes realizavam a cada dia tendo em conta as variações climáticas, realmente nos surpreendeu muito a grande diferença entre aqueles que tinham cachorro e o resto dos participantes do estudo”.
O cientista, também membro do Instituto de Saúde Pública de Cambridge, pertencente à universidade, esclarece: “Nos dias mais curtos, mais frios e úmidos, todos tendiam a ser mais sedentários e passavam mais tempo sentados, embora aqueles que viviam com um cão fossem menos afetados por essas condições adversas: estes últimos eram mais ativos fisicamente nos dias mais difíceis do que aqueles que não tinham cão nos dias ensolarados e quentes de verão. A diferença entre eles foi muito mais importante da que costumamos encontrar em intervenções como sessões de atividade física em grupo, que são habitualmente usadas para ajudar as pessoas a permanecerem ativas”.
Então, teria que dar um cachorro para a minha mãe por prescrição facultativa? “Não recomendamos a todos ter um cão, porque não são apropriados para todo mundo”, responde o pesquisador, “mas isso certamente deve ser considerado para aqueles que gostariam e podem cuidar deles. Quando não for assim, uma opção é passear com cães de outras pessoas, há muitas oportunidades para fazer isso, e sabemos que a maioria dos cães não faz exercício como deveria. Assim, tanto o caminhante quanto o cão se beneficiariam”.

Já tenho uma tarefa para o resto do verão. Vamos ver como convenço minha mãe de que nenhum cão razoável a abandonaria. E de não só é a Matilda que é irresistível.




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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Estrada Real ganha caminho religioso como o de Santiago de Compostela, na Europa

A novidade vai ligar os santuários de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, ao de Aparecida, em São Paulo.

A religião sempre fez parte da história de Minas Gerais. As peregrinações e as festas religiosas estão presentes no calendário de várias cidades mineiras e são as principais responsáveis por movimentar o turismo religioso no estado.

Agora, essa história tricentenária de fé e religiosidade será celebrada entre os dias 1 e 3 de setembro, com o lançamento oficial do Caminho Religioso da Estrada Real (CRER), em Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Segundo a de estado de Turismo de Minas Gerais, com o lançamento do CRER, haverá maior diversificação da oferta turística das regiões que abraçam a rota. Além disso, o caminho também deve contribuir para a manutenção da tradição histórico-cultural das comunidades locais. "Vale ressaltar que, desde o período colonial, Minas Gerais sempre deu grande valor ao turismo religioso e, em nossa gestão, estamos trabalhando para que o setor continue crescendo e atraindo cada vez mais turistas, na expectativa de que o estado se desenvolva economicamente e continue sendo referência para os fiéis", diz Ricardo Faria, secretário de estado de Turismo.

Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontam que 8,1 milhões das viagens domésticas no Brasil são motivadas pela fé. "Por meio do Caminho Religioso da Estrada Real, os peregrinos poderão conhecer nosso estado não apenas pelas experiências de fé, mas também em suas mais variadas formas, como gastronomia, história e cultura", completa o secretário.

CRER

Inspirado no consagrado Caminho de Santiago de Compostela, que vai da França à Espanha, a ideia de instalar o CRER surgiu em 2001, quando dois caminhantes, com apoio do Instituto Estrada Real e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), percorreram, em 36 dias, toda a Estrada Real, identificando as principais necessidades para sua consolidação. Entre 2002 e 2004, depois de rigoroso levantamento e demarcação, foram fixados os marcos sinalizadores.

Atualmente, o trajeto pode ser percorrido a pé, de bicicleta, a cavalo ou em veículos 4 x 4 Off Road, configurando-se, assim, como uma opção de turismo e peregrinação com prestação de serviços qualificados para atender os visitantes e peregrinos em uma única viagem ou por etapas, conforme a sua disponibilidade.

"O turista pode iniciar a rota de qualquer ponto e percorrer os trechos que desejar, não sendo obrigatório realizar todo o caminho de uma só vez", explica Eberhard Hans Aichinger, representante da Sacrum Brasilidades, empresa gestora do CRER.

A rota cruza os municípios mineiros de Caeté, Sabará, Raposos, Barão de Cocais, Nova Lima, Santa Bárbara, Rio Acima, Catas Altas, Itabirito, Mariana, Ouro Preto, Ouro Branco, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, São Brás do Suaçuí, Entre Rios de Minas, Casa Grande, Lagoa Dourada, Prados, Tiradentes, Santa Cruz de Minas, São João del Rei, Carrancas, Cruzília, Baependi, Caxambu, São Lourenço, Pouso Alto, São Sebastião do Rio Verde, Itamonte, Itanhandu e Passa Quatro; e os paulistas Cruzeiro, Cachoeira Paulista, Canas, Lorena, Guaratinguetá e Aparecida.

Em Minas Gerais, o trajeto está todo sinalizado para que o peregrino possa se orientar com segurança. Totens instalados em locais estratégicos indicam as direções e placas indicativas apresentam o mapa geral do caminho, mostrando os municípios do percurso.

Ao final do percurso, seja no Santuário Nossa Senhora Aparecida ou no Santuário Nossa Senhora da Piedade, o peregrino que apresentar o seu passaporte carimbado em sua totalidade, receberá um certificado de conclusão de todo o Caminho Religioso da Estrada Real.

(
Agência Minas)

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terça-feira, 15 de agosto de 2017

A hora e a vez de as mulheres assumirem os cabelos grisalhos

Os cabelos brancos estão na moda. Cada vez mais mulheres optam por deixar de pintar as madeixas para assumir uma cabeleira prateada, livrando-se da escravidão das convenções estéticas baseadas no culto à eterna juventude, revela o livro francês “Uma Aparição”.
Escritora e jornalista especializada em moda, Sophie Fontanel decidiu há dois anos dar adeus à tintura e deixar seu cabelo ficar naturalmente branco.
Uma experiência que compartilhou durante todas as etapas com 119 mil seguidores no Instagram e que relata no livro Une apparition (Uma aparição, em tradução livre), que será lançado em Paris na próxima semana.
A tendência de assumir o cabelo branco chegou à Europa vinda dos Estados Unidos e se popularizou há alguns anos: mulheres de 30, 40 ou mais anos expressaram em sites como Revolution Gray (Revolução Grisalha) o fato de estarem fartas de se submeter a pinturas regulares e sofrer com os produtos químicos.
Para Sophie Fontanel, que frequenta a Semana da Moda, trata-se, antes de mais nada, de uma questão estética. Ela reivindica o lado militante de sua opção e, por isso, resolveu converter a própria experiência em algo interativo, ao postar regularmente fotos dos vários estágios de crescimento de seus cabelos brancos.
Fim dos preconceitos
“Ao constatar minhas próprias reticências em deixar o cabelo branco, me questionei sobre o que isso queria dizer. E disse a mim mesma que seria interessante compartilhar essa reflexão com outras pessoas, para ver a reação delas", explica Fontanel.
"Sabia que geraria interesse, mas não a tal ponto! Recebi uma grande quantidade de mensagens em privado que me dizem: 'olha, também fiz isso'. De repente me dei conta de que inspirei muitas outras mulheres", comemora.
"Por outro lado, é verdade que precisei de certa audácia", confessa "Acho que as mulheres, por causa dos convencionalismos, evitam testar formas diferentes de beleza", reflete Fontanel.
A jornalista, que trabalhou por 15 anos para a revista Elle e hoje tem uma coluna sobre moda na revista L'Obs, quis acabar com todos os preconceitos sobre o cabelo branco: que são muito grossos, que é preciso manter sempre curtos, que os homens não gostam...
Na moda, alguns nomes abriram caminho. A americana Kristen McMenamy, modelo dos anos 1990 conhecida por seu estilo andrógino, resolveu assumir os cabelos grisalhos aos 40 anos. Outra frequentadora assídua de Semanas da Moda, a jornalista da edição britânica da Vogue Sarah Harris também exibe uma longa cabeleira prateada.
Uma opção a mais
O grisalho também conquistou estrelas como Lady Gaga e Rihanna, que pintaram seus cabelos com esse tom.
Os cabeleireiros aproveitam a tendência e propõem soluções para acompanhar o período de transição e atenuar o efeito bicolor, explica o diretor artístico da cadeia de salões Maniatis, André Delahaigue.
As vendas de produtos para evitar que o cabelo branco fique amarelado estão aumentando: 28% para Franck Provost desde 2016 e 18% para Jean Louis David.
A sociologia do encanecimento
"Para as mulheres, os cabelos brancos sempre foram malvistos do ponto de vista estético, já que eram exclusivamente associados à decadência física", comenta o sociólogo Frédéric Godart.
"Junto com o prolongamento da expectativa de vida e com a afirmação progressiva das mulheres em todas as profissões e nos meios de comunicação, as coisas mudaram: um sinal de envelhecimento se converte em uma opção estética como outra qualquer", completa Godart.
Mesmo assim, os cabelos brancos das mulheres ainda não são valorizados como no caso dos homens, "percebidos de maneira positiva, por exemplo, como um sinal de sabedoria", ressalta o sociólogo.
E a pressão social continua sendo muito forte: a escritora Tatiana de Rosnay contou à revista Paris Match, em 2016, que foi vítima de deboches quando deixou de pintar o cabelo.
"Não tenho medo de envelhecer e mostrar isso", declarou a cantora Lio, por sua vez, à revista L'Obs.


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terça-feira, 8 de agosto de 2017

Direitos do consumidor idoso é tema de livro

O livro “Situação Jurídica e direitos fundamentais do consumidor idoso”, do Advogado Gustavo Chalfun, será lançado no mês de agosto, em Belo Horizonte. Gustavo também é Secretário Geral da OAB/MG e professor da FADIVA. Essa foi sua primeira obra literária voltada à defesa do consumidor idoso.
“Lembro-me com profunda felicidade de todos os dias que deixei meus familiares e amigos e fui concretizando esse sonho que agora se realiza. Tudo valeu a pena e agora a referida obra poderá ser objeto de utilização pelos profissionais do direito em casos que envolvam essa classe tão importante da sociedade brasileira – os idosos”, disse Dr. Gustavo.
Sobre o Livro:
O livro possui 4 capítulos e 113 páginas, e traz uma linguagem objetiva e clara sobre a defesa do idoso nas relações de consumo sob a ótica do Código de defesa do consumidor e do Estatuto do idoso.
Sobre o autor:
Natural de Lavras, Gustavo Chalfun presta serviços de advocacia e consultoria jurídica no Sul de Minas, Belo Horizonte e Brasília. Há 18 anos atua no mercado e leciona desde 2007. Ele é o Secretário da Comissão Especial de Direito do Consumidor do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, já foi Presidente 20º Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Varginha (2007 à 2012) e é o atual Diretor Secretário-Geral da OAB/MG.
Fonte: Chalfun Advogados

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sábado, 5 de agosto de 2017

Aposentadoria feliz: idosos criam ‘repúblicas’ para viver entre amigos


A amizade de Víctor Gómez e Cruz Roldán tem 46 anos. Conheceram-se em uma excursão na Serra Nevada, na Espanha, com um grupo de caminhada. “Mas era mais do que isso, era um grupo de estilo de vida”, relembra Roldán, hoje com 79 anos. Quando estavam com meio século de vida, perguntaram-se: "por que não nos vemos envelhecer?". Quinze anos depois, moram com suas respectivas esposas em Convivir, uma república autogerida na cidade espanhola de Cuenca. Dezenas de amigos e familiares se entusiasmaram quando os dois casais de amigos propuseram a ideia de viver juntos, e hoje são 87 sócios que se identificam com o lema “dar vida à idade”.


O condomínio conta com todos os serviços de um asilo para idosos tradicional. “Mas não ficamos sentados o dia todo em uma cadeira entre desconhecidos”, explicou um dos amigos. Compartilham tarefas, mantêm-se ativos, mas conservam sua independência.
 A velhice chega mais tarde hoje, mas pensa-se nela desde cedo. Os mais velhos atualmente —especialmente europeus e japoneses— vivem mais e não querem passar a última fase da vida entre desconhecidos ou “ser uma carga para os filhos”. É o que demonstra um estudo de 2015, realizado pelo ministério da Saúde espanhol, no qual mais da metade dos pesquisados acha pouco provável viver em um asilo, enquanto quatro em cada dez veem como alternativa o cohousing. São moradias criadas e administrada pelos próprios idosos, que decidem entre amigos como e onde querem viver sua aposentadoria. Os apartamentos pertencem a uma cooperativa, mas podem ser deixados de herança para os filhos. Na Espanha, há oito projetos construídos e vários em gestação.
Falta pouco para a hora do almoço na Convivir e em uma das muitas salas comuns ouve-se Raffaella Carrà. Um aparelho de rádio e toca-fitas Sony vibra ao sol da música Porque El Amor, enquanto as pessoas dão risada. É uma oficina de risoterapia dirigida por Lourdes Ranera. Aprendeu essa técnica na Índia, ensinou-a por mais de 20 anos em Barcelona, e hoje faz rir todos os dias seus colegas de república. Os que não estão rindo, estão trocando de roupa depois de uma aula de ginástica a cargo de Timoteo, que antes de se aposentar era professor. Outros participam da aula de macramê oferecida por Amelia López, de 88 anos, a mais velha do lugar. A idade média é de 70 anos, mas respira-se um ambiente juvenil. “Vir para cá me rejuvenesceu! É a graça de morar em uma residência quando ainda estamos bem”, conta López. “Isso ajuda a não pensar em quando chegará sua hora ao parar de trabalhar”, acrescenta Roldán.
Apesar desse tipo de moradia colaborativa estar se consolidando há pouco tempo na Espanha, Rogelio Ruiz, arquiteto da eCohousing, recebeu quase 1.000 pedidos de informação sobre este modelo de república. Sua equipe venceu um concurso de arquitetura com uma das duas residências do tipo construídas em Madri, chamada de Trabensol: “Achávamos muito estranho fazer casas para pessoas que não sabíamos quem eram, nem como queriam morar. Agora tomamos as decisões com eles. Se há alguém que trabalhou com jardinagem, opina nas áreas verdes, e se há uma enfermeira, fala sobre como deve ser a área de saúde”.
Todas as residências de cohousing devem cumprir os requisitos de um ambiente tradicional para idosos: banheiros geriátricos, móveis sem quinas, botões de emergência em todos os quartos, entre outras coisas.
Diferentemente da situação em Convivir, onde todos que querem um apartamento devem ter um conhecido e ser sócios, em Trabensol a oferta é para o público em geral. Entretanto, ainda custa caro viver em uma república para idosos: os valores para associar-se a uma cooperativa de cohousing na Espanha – que não isenta os gastos mensais— vai dos 50.000 aos 140.000 euros (entre 175.000 a 490.000 reais). Esse gasto vai sendo amortizado nas residências que também recebem não sócios. Na Fuente de la Peña, também na espanha, se você for sócio paga 2.080 euros (7.280 reais) por mês por casal, em vez de pagar um “aluguel” de 3.150 euros (11.025 reais). Os custos variam também se o residente quer serviços de limpeza, lavagem de roupas, comida ou só acesso aos serviços de saúde, como enfermaria e fisioterapia.
Das experiências espanholas, os defensores concordam que os interessados se aproximam mais dos 50 que dos 70 anos. Nemesio Rasillo, um dos fundadores da residência Brisa del Cantábrico, onde a idade média é de 63 anos, atribui isso a que “os mais idosos passam ao cuidado familiar”. Mas há muitos adultos que ainda não se aposentaram e já têm claro que não querem ser “uma carga para seus filhos”. Nesta residência, uma das normas é poder haver no máximo 15 pessoas nascidas no mesmo ano, para garantir a variedade geracional. Cada cooperativa tem suas regras, mas uma que se repete em relação à questão da dependência é que desde que um residente se soma ao projeto, parte de seu dinheiro vai para um fundo social. “Assim, quando algum dos colegas precisar de uma assistência especial, dividimos entre todos e não será um gasto expressivo”, explica Roldán.
É a hora da siesta em Cuenca, e “o castelo do século XXI”, como o chamam os moradores de Convivir, parece ter parado no tempo. Ninguém circula pelos longos corredores dos dois andares, as raquetes de pingue-pongue descansam sobre a mesa e o salão de beleza está fechado a chave. É o momento de desfrutar do apartamento que cada um decorou a seu gosto. “Em vez de meu filho se tornar independente, eu é que me tornei”, diz em voz baixa Luis de la Fuente, enquanto fecha a porta de seu novo lar.
Fonte: El País
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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A voz também envelhece

O processo, conhecido como presbifonia, ocorre em geral a partir dos 65 anos
Escrito pela Dra. Mara Behlau*
A faixa das pessoas acima dos 60 anos é a que mais cresce no planeta. Em 2015, essa parcela correspondia a 8,49% da população mundial, totalizando 274 milhões de homens e 341 milhões de mulheres. Segundo a Organização das Nações Unidas, o número deve triplicar até 2050. O envelhecimento é um fenômeno que envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais, e representa sinal de acesso ao sistema e às boas práticas de saúde. Sabemos que, com o avançar da idade, corpo e mente ficam mais lentos, mas hoje vemos muitos idosos ativos e participantes na sociedade. Um dos aspectos mais importantes nas relações interpessoais é a comunicação oral, que se dá por meio da fala. A voz traz a identidade de uma pessoa. E, como outras funções do organismo, também envelhece. Esse processo, chamado presbifonia, ocorre em geral a partir dos 65 anos.
A voz é produzida na laringe, órgão que fica no pescoço e abriga duas pregas vocais. Elas vibram, em média, 100 vezes por segundo nos homens e 200 vezes por segundo nas mulheres a fim de gerar a fala. Com o passar dos anos, os músculos da laringe se modificam, as cartilagens se endurecem, há menos lubrificação na região… Essas alterações tornam o sofisticado sistema de produção do som menos eficiente.
Nem todo mundo sofre de presbifonia de maneira acentuada e existem aqueles que mantêm suas vozes jovens, mesmo tendo passado dos 70. É o caso de Caetano Veloso, Roberto Carlos e Sílvio Santos. A saúde física e mental, a história de vida, aspectos próprios à constituição do indivíduo e o uso profissional da fala estão entre os fatores que interferem no envelhecimento vocal.
Esse fenômeno ocorre de maneira diferente entre homens e mulheres. Com a idade, elas tendem a ficar com a voz mais grave (grossa) e eles, com a voz mais aguda (fina). Além disso, o decorrer dos anos torna mais comuns queixas como rouquidão, pigarro, cansaço ou desconforto para falar, menor capacidade de projetar a voz… Por vezes é preciso consultar um médico para identificar se esses sintomas não são fruto de um problema de saúde.
Há uma série de medidas que podem ser tomadas com o intuito de abrandar o envelhecimento da voz. Existe inclusive uma espécie de “academia” para as cordas vocais, o método conhecido como reabilitação vocal. Esse programa, prescrito e orientado por um fonoaudiólogo, permite recuperar parcialmente a funcionalidade da voz, deixando-a mais forte, adequada ao sexo e com maior flexibilidade para ser projetada no ambiente se o contexto exigir. O envelhecimento é inevitável, mas a qualidade de vida pode e deve ser mantida – inclusive quando a gente fala por aí.
*Dra. Mara Behlau é fonoaudióloga, professora da Universidade Federal de São Paulo e diretora do Centro de Estudos da Voz (SP)

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